Durante a Guerra do Paraguai o povo Terena teve uma participação muito
importante na defesa do território que sempre ocuparam, lutando contra o
exército paraguaio, e abastecendo todo o exército brasileiro com alimentos e
informações. Visto que, conhecedores da região, sempre levavam vantagens em
cima do exército inimigo e como grande agricultores que são, alimentos nunca
faltavam. Mas, tudo isso não foi o suficiente para garantir um de seus bens
mais preciosos: A TERRA.
Após a Guerra do Paraguai em 1870, os Terena passam a lutar outra
guerra, a batalha pela sua sobrevivência, já que vários foram dizimados, outros
doentes e, além disso, perderam a posse dos antigos territórios que
tradicionalmente ocupavam, para os fazendeiros, que se apossaram dessas terras
e construíram suas grandes fazendas. Na atualidade, o povo Terena da TIN Taunay
/ Ipegue, luta constantemente para obter a posse dos antigos territórios que
tradicionalmente ocupavam antes da Guerra, na região do então sul de Mato
Grosso, mais precisamente entre os municípios de Aquidauana e Miranda.
Constata – se que depois da Guerra
do Paraguai vários aldeamentos foram invadidos por fazendeiros, entre elas, a
Aldeia Terena Naxe Daxe. E quando, os indígenas, moradores antigos dessas
localidades e verdadeiros donos desses aldeamentos voltaram para seus lares,
viram suas casas ocupadas por fazendas e foram obrigadas a procurar outras
aldeias. Com isso, várias fazendas aumentaram suas divisas, invadindo cada vez
mais as terras indígenas e incentivando outros proprietários a fazer o mesmo.
Por isso, várias terras deixaram de ser indígenas para se tornarem propriedades
particulares.
Desse modo, vimos o quanto de
informações é escondida do livro didático e o quanto o Governo Estadual e
Brasileiro se mantém omisso a nossa reivindicação. O governo estadual só coloca
na mídia que o povo de Mato Grosso do Sul vai sofrer com a garantia dos nossos
direitos, que a produção vai cair, que os alimentos vão faltar, que tudo deve
ser contra os indígenas. Governo, sociedade, venham ver essas fazendas onde
reivindicamos os nossos 33.900 mil hectares, só existem pastos e mais pastos. O
gado que aqui se cria é para exportação e não para o consumo interno, se fosse
para o consumo interno, a carne não seria tão cara, não teria um preço tão
absurdo em um estado que se diz pecuarista. E outra, Governo, FAMASUL, sociedade
Brasileira, nós também somos cidadãos, pagamos impostos, tudo o que temos foi
pago, trabalhamos muito, apesar da terra ser pequena e pouca, conseguimos fazer
das tripas o nosso coração. Temos direito de buscar o nosso direito, de
adquirir respeito e de ser ouvido, assim como, os pecuaristas, basta um telefonema
e a Presidenta já os recebem. E enquanto, nós indígenas, já há vários anos
tentamos essa audiência, mas até hoje, não conseguimos.
A decisão que temos é unânime,
permaneceremos na nossa terra, daqui não saíremos. E quando disserem que a lei deve ser cumprida,
tem que ser mesmo, basta garantir primeiro o que está previsto na constituição
de 1988, que determina cinco anos para as demarcações. Cumpram essa da
constituição, primeiro, para o mundo, para a sociedade, ver que o Brasil
respeita suas Leis.